Pode-se considerar o corpo humano como resultante da interseção entre a biologia e a cultura. Todas as sociedades têm seus padrões sobre o que é belo e o que é feio, atraente ou não, símbolo de status ou estigmatização. Na sociedade ocidental contemporânea isso tem chegado a um ponto de gerar certa obsessão em busca do corpo "perfeito" ou forma de expressão.
A Indústria da beleza vai muito bem. As pessoas estão cada vez mais buscando produtos ou fórmulas milagrosas para ficarem "bonitas", magras, "saradas". O padrão que é exibido na mídia, através de artistas, modelos, é desejado por muitos.
O corpo também é usado como forma de expressão. A tatuagem, que antes era marginalizada, virou obra artística, adereço cultural. Também é comum o uso de piercings ou de modificações físicas (como o "body modification") e de vestuário para traduzir as características de determinada tribo urbana.
Também são efetuadas body modifications com o objetivo de externar as vontades, e muitas vezes nublar o seu verdadeiro eu perante seu grupo social e explicitar um ideal muitas vezes idílico, através de uma representação que distorce a realidade. Tudo isso é causado pela segregação social que a sociedade impõe aos considerados grupos menores e/ou que não seguem as regras de condutas pré estabelecidas. Isso contribui para o surgimento de patologias clínicas que destroem o mimetismo natural dos grupos e criam inividuos com anorexia, bulimia, distimias e depressões, conforme salienta Francisco Ortega (in: Das utopias sociais as utopias corporais: identidades somáticas e marcas corporais.
Com o Body Modification não está em jogo apenas o corpo físico, o organismo do indivíduo. Este corpo traz a marca de sua alma, de sua história e de sua relação com o outro. Não se trata do organismo do indivíduo, mas da utilização de seu corpo como instrumento para a constituição de uma subjetividade.
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