Autores descreveram o estigma como uma construção social associado ao reconhecimento de uma diferença, com base em uma característica específica, que é utilizada para desvalorizar a pessoa que o possui (Dovido, Major, e Crocker, 2000). Essas definições compartilham a idéia de que o estigma é a avaliação negativa de uma diferença específica que possa estar associada a uma pessoa.
Um dos conceitos amplamente reconhecido sobre o assunto foi desenvolvido pelo sociólogo Erving Goffman (1963). Ele definiu estigma como um atributo desonroso, o que poderia levar uma pessoa a ser considerada quase desumana.
O corpo desempenha um papel central nos tipos de estigma de Goffman, o qual identificou que o mais óbvio, são provavelmente as abominações do corpo em que as deformações em particular, ou a falta de partes do corpo provocam atitudes estigmatizantes.
Estigmas também evocam o corpo quando eles servem como identificadores de membros de um grupo particular. Isso ocorre através da cor da pele, tatuagens, body modification ou outros tipos de marcas.
Este conceito de estigma se relaciona bem com o Body Modification, porque é encarado pela maioria da sociedade como uma abominação corporal, gerando assim preconceitos. Podemos dizer que o Body Modification está dentro dos conceitos de Goffman sobre o que é um estigmatizado desacreditado, pois este tipo de estigmatizado seria aquele em que o seu problema ou defeito, está visível para os outros, gerando assim, na maioria dos casos, a rejeição imediata deste indivíduo e a sua total anulação. O indivíduo fica totalmente resumido àquele problema ou defeito e as outras pessoas só veem o indivíduo com o determinado estigma, esquecendo de vê-lo como um todo; esquecem que este também tem outros atributos.
Também podemos relacionar com o conceito de estereótipo, que é aquele em que a sociedade determina como devemos nos vestir, falar, nos comportar. Assim, os adeptos do Body Modification, fogem deste estereótipo, gerando também o preconceito das pessoas na sociedade.
Abominação do corpo relacionado ao Body Modification
Diariamente somos bombardeados pelos veículos de comunicação sobre como manter nossos corpos em forma. Revistas de saúde, beleza, outdoors passam mensagens a toda hora de como deve ser o corpo perfeito e como devemos cuidar de nosso corpo.
Esse processo constrói um padrão de corpo que é tido como norma. Quem é diferente se torna alvo de um estigma negativo e tem que se ajustar ao padrão para ser aceito na sociedade.
Lidar com o estigma é uma tarefa diária para muitos que possuem o corpo extremamente modificado. São julgados até quando realizam atividades corriqueiras, como, andar de ônibus, passear no parque ou passear no shopping. Para esses sujeitos só restam duas opções: Se acostumar e ignorar ou se deprimir ao se deparar com situações desse tipo.
Por se dispor a passar por processos dolorosos com o uso de bisturis, agulhas ou ferro quente, esses indivíduos são tidos como loucos, masoquistas ou indisciplinados.
Um dos motivos que fazem as modificações corporais serem ligadas a fatores negativos se deve a história na cultura ocidental, pois era usada principalmente nos setores marginais da sociedade, como os marinheiros, presidiários e meretrizes. Esse passado faz com que as body modification sejam carregados de um caráter marginal que ainda persiste nos dias atuais influenciando o julgamento de pessoas em relação aos indivíduos modificados.
O Corpo como uma entidade social, estabelece limites para determinados tipos de estigmas. As abominações do corpo foram caracterizadas como deformações físicas ou desvios de uma norma social, que é particularmente importante para compreender a estigmatização do Body modification.
Goffman (1963) salientou a importância da visibilidade do atributo estigmatizante, a sua dimensão corporal. Segundo ele, as pessoas cuja marca é estigmatizante claramente visível será desacreditado por outros.
Fontes:www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/24916/000750297.pdf?...1
http://www.nova.edu/ssss/QR/QR10-1/varas%20diaz.pdf
www.nova.edu/ssss/QR/QR10-1/varas%20diaz.pdf
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